Olá meus caros amigos leitores do BL, o tema de hoje, embora pareça ser remansoso, é tormentoso, pois, muita gente entende que cerveja não combina com atividades físicas como com camarão, samba e uma boa roda de amigos. Mas, será que isso é mesmo verdade?
Se por um lado a barriga tanquinho é uma meta a ser atingida, de outro, a “barriguinha pró” (expressão cunhada pela banda Velhas Virgens) pode ser igualmente atraente, sim, você leu correto, as duas possuem suas belezas próprias. Assim, esse tipo de reflexão me levou a pensar se há possibilidade de unirmos o útil com o agradável, ou seja, unir o consumo de cerveja com exercícios físicos.
Ressaltamos, no primeiro momento, que o álcool pode reduzir a capacidade de metabolismo da gordura e também o crescimento muscular, fatos que decorrem da inibição da absorção de vitaminas B, responsáveis por facilitar a digestão e absorção dos carboidratos, proteínas e gorduras. Fato esse que irá interferir em seu treino, ainda mais se a sua prática esportiva for a musculação.
Além disso, o álcool, por ser diurético, exige um maior trabalho dos rins,, inibe a liberação do hormônio antidiurético (vasopressina), diminui a reabsorção de água nesse órgão, e por corolário, aumenta a produção de urina, causando a desidratação.
O fígado também podem ser objeto de problemas.
O álcool ainda é calórico, libera insulina e diminui a glicemia, causando perda de massa magra (aquela mesma que você tenta aumentar na “cadimia”), por queimar o estoque de proteína em nosso corpo.
Mas, não há apenas estudos que apontam para questões negativas, há também conclusões positivas. Por exemplo, há estudos que apontam que o álcool pode atuar diretamente na produção da principal reserva energética do organismo, o glicogênio, o que é benéfico para os atletas.
Ademais, ainda sabemos que, se por um lado, os exercícios de alta intensidade aumentam significativamente a incidência de inflamação e disfunções imunológicas, por outro, que há, nas cervejas, e em quantidades significativas, polifenóis, substâncias naturais com potentes propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Sobre essa questão, fora realizado um estudo com a participação de 200 atletas inscritos na Maratona de Berlim, os quais foram separados em dois grupos com qualidades semelhantes (idade, condições de saúde, biofísico).
No experimento, os 200 atletas consumiram de 1 a 1,5 litros de cerveja sem álcool por dia, três semanas antes e uma semana depois da prova. A grande diferença entre os grupos, foi que um dos grupos consumiu cerveja sem álcool normal e o outro sem os polifenóis.
Coletas de sangue foram realizadas antes e depois da prova, com o intuito de avaliação da concentração da proteína interleucina 6 (IL6) e de leucócitos, pois, quando a elevação de ambos é considerada como um alerta para inflamação.
Além dessa análise, também fora verificada que aqueles que consumiram a cerveja com polifenóis não sentiram desconfortos, ao contrário do que ocorreu no outro grupo de pessoas.
Na conclusão do experimento, verificou-se que a ingestão, ou não, de polifenóis não interfere no tempo de prova, mas que eles ajudam na recuperação de processos inflamatórios decorrentes do exercício intenso.
O tema, consumo de álcool e esportes, é tão tormentoso que podemos ter conclusões para todos os gostos. Na opinião da doutora Isa Bragança, bebida alcoólicas e atividades físicas não podem ser associadas. Ramôn Estruch, do Hospital Clínico de Barcelona, ressalta os benefícios dos polifenóis presentes na cerveja, e também afirma que a cerveja “ajuda na prevenção de acidentes cardiovasculares, graças a seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios das artérias”. Por seu turno, Manuel Castillo, da Universidade de Córdoba, tentou descobrir se o hábito de tomar bebida depois de uma atividade física faz mal, fez um estudo e descobriu:
“Não se encontrou nenhum efeito específico e nenhum negativo que possa ser atribuído à ingestão de cerveja em vez de água”
Castillo concluiu que a atuação da cerveja no caso pode ser exatamente igual à água, desde que não haja contraindicação pessoal. Assim, podemos falar na:
Cerveja como fonte de hidratação.
Ainda que muita gente pense que a cerveja possa causar desidratação em virtude do álcool, sabemos que isso não é puramente verdade. Claro que o consumo desmoderado tem como consequência a desidratação, mas há uma questão a ser afirmada.
O fato é que, se UMA cerveja pode te tornar alguém mais sociável, temos que UMA cerveja após treino também tem seus benefícios. Isso porque, as cervejas, principalmente as de trigo, são ricas em proteínas e contém outros nutrientes que podem ajudar na hidratação de seu corpo. Esse é o resultado de um estudo espanhol apresentado durante o Simpósio Europeu de Cerveja e Saúde em 2011.
O tema é tão importante que, já se tentou criar uma cerveja para atletas.
Cerveja para atletas.
Recentemente ocorreu o lançamento da cerveja skol ultra, que seria uma cerveja para atletas não oficiais.
Essa seria uma loira gelada fonte de hidratação para atletas não profissionais, além de ter baixo teor de carboidratos, o qual seria de 3,8g de carboidratos por porção (o que equivaleria 88 Kcal), enquanto uma cerveja de trigo possuiria mais que o dobro desse teor, 7,8 g (132 Kcal).
Além da ultra, mencionamos que cervejas ricas em proteínas já foram lançadas, mas o financiamento pelo Kickstarter não seguiu adiante, impedindo a sua produção.
Ainda, mencionamos uma curiosidade sobre o tema, a existência da Beer Mile, que é uma corrida de 1660 metros, realizada nos EUA, na qual os atletas correm por 1660 metros com paradas a cada 400 metros para o consumo de uma cerveja.
Não podemos definir incisivamente se o consumo de cerveja, antes, durante ou depois, da prática esportiva é algo positivo ou negativo, mas, não há dúvidas de que o consumo moderado, não irá interferir em suas atividades.
Mesmo tendo característica diurética e podendo afetar rins e fígado, além de ter em si, a possibilidade de acréscimo de peso e afetação na produção da massa magra, certo é que há na cerveja substâncias que são benéficas, como os polifenóis, além de atuar na produção de glicogênio.
Então, malhe, tenha uma vida ativa, mas sem renunciar o consumo moderado da cerveja.
